Assistido da Apae Aracaju que pinta com os pés vai representar Sergipe em evento nacional

08/11/2019
10:21:17

A APAE Aracaju terá representante na 11ª edição do Festival Nossa Arte. O assistido Samuel Correia estará na categoria pintura em tela, num evento que, além de incentivar a integração entre as Apaes, promove a inclusão social. Sendo um dos maiores eventos organizados pela Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), o Festival Nossa Arte acontece a cada 3 anos, quando a instituição convida artistas com deficiência intelectual e múltipla atendidos pelas Apaes de todo o país para a edição nacional.

A sede desta vez será a cidade de Manaus, no estado do Amazonas, entre os dias 19 e 21 de novembro, no Centro de Convenções Studio 5. Serão apresentados trabalhos artísticos em sete modalidades: Dança, Música, Artes Cênicas, Dança Folclórica, Artes Visuais, Artes Literárias e Artesanato. A expectativa é que representantes de 26 estados brasileiros participem do evento e mais de 1.100 artistas com deficiência intelectual e múltipla se apresentem.

Viajando para o Norte, Samuel Correia, da APAE Aracaju, mostrará suas telas coloridas por tinta de tecido e pintadas com os pés. Com o talento descoberto cedo, ainda aos 10 anos de idade, a capacidade do menino já era surpreendente. Depois de 3 anos de tratamento na APAE Aracaju — ele entrou na instituição aos 7 — a mãe e os profissionais que o acompanhavam perceberam que a euforia pelas brincadeiras e pela arte iam além do comum. Como qualquer outra criança, Samuel fazia suas traquinagens. Montava e desmontava brinquedos, desenhava, mas o que ele gostava mesmo era da pintura em tela.

“Quando ele começou a pintar já fez logo dois quadros, com desenhos da cabeça dele. Ele foi gostando mais e mais e até hoje ele pinta na tela. Samuel faz tudo bem feito, bem organizado, mesmo pintando com os pés. A maioria das pessoas pinta com as mãos, né? Então o que ele faz é diferente. E é muito bonito”, declarou Ana Maria da Silva, mãe de Samuel, que é diagnosticado com deficiência intelectual (CID G40 E F70), que causam retardo congênito no desenvolvimento neuropsicomotor.

Para a coordenadora de artes e cultura da Federação Estadual das APAES (Feapaes-SE), Ilzane Viana, a inserção da pessoa com deficiência nas artes tem papel fundamental no incentivo ao desenvolvimento das potencialidades. “É extremamente relevante esse tipo de  contato porque esse vínculo atua diretamente na evolução do potencial criativo de cada indivíduo e através disso eles expressam suas emoções, sensações e percepções do mundo ao seu redor”, afirmou.

Ilzane também destacou a sensação de dever cumprido para os profissionais que trabalham na área e acompanham o desenvolvimento artístico. “É sempre um momento mágico quando trabalhamos com pessoas que a maioria não acredita em suas competências e habilidades e ao depararmos com a grandeza de seu potencial em diferentes tipos de expressões, trabalhos e apresentações ficamos em êxtase e com a certeza de que estamos no caminho certo. Fica apenas a sensação de missão cumprida e de que todos os nossos esforços valeram a pena”, disse.

Já o presidente da APAE Aracaju, Max Guimarães, destaca também o trabalho da instituição no incentivo a arte, lembrando a presença do também assistido Jailson da Silva, que também tem deficiência intelectual (CID F70) e está entre os classificados para o festival nacional.

“Cada dia mais a gente tenta mostrar que eles são capazes. As pessoas com deficiência também são capazes, o que falta é oportunidade! Juntamente com a Federação Estadual das Apaes nós estamos buscando dar essa oportunidade a eles, mostrar o trabalho que eles fazem. É muito gratificante ver Samuel e Jailson mostrando talento. A APAE Aracaju está sempre comprometida em ressaltar sua missão: dar qualidade de vida à pessoa com deficiência. Seja no âmbito familiar, no âmbito educacional, na arte ou na pintura”, concluiu.