Audiência pública marca homenagens ao Dia Internacional da Síndrome de Down

22/03/2023
13:37:55

Nesta terça-feira (21), é comemorado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data faz referência aos três cromossomos no par 21 (que é a característica para a condição genética da pessoa com Síndrome de Down) e tem como objetivo conscientizar a sociedade sobre a necessidade de direitos igualitários, inclusão e bem-estar dos indivíduos em todas as esferas sociais. 

 

Segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem aproximadamente 300 mil pessoas com Síndrome de Down. Apesar do grande número de pessoas com essa condição genética, muito ainda precisa ser feito em relação à melhoria na qualidade de vida e direitos dessas pessoas. 

 

Como forma de incentivar o debate acerca do tema, homenagear e dar voz às pessoas com síndrome de down, o Deputado Estadual, George Passos, convocou uma audiência pública na Assembléia Legislativa de Sergipe (ALESE) com a participação de instituições e pessoas engajadas na causa. Segundo o deputado, a audiência foi um acontecimento importante para mobilizar o poder público 

 

“Foi um momento importante, com palestrantes que falaram de suas experiências. É fundamental discutirmos formas de garantir a autonomia e independência dessas pessoas. Acreditamos que trazer essa pauta sensibiliza a sociedade para a necessidade de mais investimentos em políticas públicas que promovam a inclusão e a dignidade dessas pessoas. Ouvir as entidades, familiares e as pessoas com Síndrome de Down nos deu a oportunidade de conhecer vivências e mostrar que esse tema merece todo o nosso apoio. Temos que buscar caminhos para que essas pessoas se adaptem ao convívio de todos.”, conclui o deputado. 

 

Para Denise Gomes, mãe da assistida Yvellyn Vitória, da Apae Aracaju, participar dessas audiências é importante para a construção de um futuro melhor para a filha. “Não é a primeira vez que participo de uma audiência como essa. É importante porque posso compartilhar minhas experiências com as outras mães, ouvir e saber que as pessoas estão preocupadas em construir um lugar melhor para ela.”, relata Denise. 

 

O presidente da Apae Aracaju também esteve na audiência representando a instituição. Segundo ele, esse espaço oferecido pela Alese é fundamental para o debate de novas perspectivas para as pessoas com deficiência. “A gente percebe que no nosso país existem leis que são avançadas no tocante à pessoa com deficiência, mas infelizmente essas leis são pouco aplicadas. E as pessoas sentem na pele a falta de aplicação dessas leis. A abertura desse espaço traz justamente a quebra dessas barreiras atitudinais além de servir para mostrar aos deputados nossas necessidades.”, conclui o presidente.

 

As cadeiras da Casa Legislativa ficaram preenchidas não só por crianças, jovens e adultos com Síndrome de Down, mas também por pessoas com deficiência e autodefensores que foram representar as suas instituições. A audiência, além de tratar sobre o Dia da Síndrome de Down, também foi oportunidade para divulgação e celebração do movimento de autodefensoria.
 

Uma das convidadas para discursar foi a coordenadora de Autogestão e Autodefensoria da FEAPAES, Ilinoi Costa Silva. A coordenadora iniciou o seu discurso na assembleia com uma referência ao educador Paulo Freire, “Nada para nós sem nós.” e seguiu com a importância da autodefensoria para representação e o engajamento das pessoas com deficiência nas suas próprias causas. “Nós como instituição temos que dar apoio aos nossos autodefensores. Nosso objetivo é capacitar dando voz e incentivando a sua participação na Apae. Temos que favorecer essa inclusão, na família, na escola e na sociedade ", concluiu a coordenadora de autodefensoria. 

 

A oportunidade que foi negada por muitos anos às pessoas com deficiência de participar e ocupar lugares do poder público é marcante para o movimento apaeano. Durante os discursos muitas pessoas se emocionaram e deixaram transparecer o sentimento de reconhecimento diante da sociedade. Por isso, a Apae Aracaju se mobiliza todos os anos para estar presente nessas audiências públicas alusivas à causa da pessoa com deficiência para participar e acrescentar ao debate. 

 

Para a coordenadora da Assistência Social da Apae Aracaju, Ingrid Walleska, a experiência vivida pelos assistidos das instituições, familiares e pessoas ligadas aos movimentos ali presentes, foi fundamental para mostrar a importância de se ter o apoio do poder público na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. “Ver esses meninos participando e discursando é muito bonito. Ninguém melhor que eles mesmos para falar quais as suas necessidades, o que eles precisam para viver em uma condição social melhor. E, expor essas idéias diante de autoridades do poder público que têm a condição de fazer melhorias de forma efetiva é ainda mais satisfatório.”, frisou.