Violência contra mulher e empoderamento feminino são temas discutidos em palestras na Apae Aracaju

Em Sergipe, os casos de feminicídio aumentaram mais de 42% em comparação aos anos de 2021 e 2022. Os dados são da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEACrim), divulgados em janeiro do ano passado pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP). Visto a crescente desses dados, muitas instituições e órgãos públicos têm se movimentado para realizar um trabalho de prevenção e combate a violência contra a mulher. 

Por isso, com o objetivo de minimizar esses números e trazer informações para as mães e familiares dos assistidos, a Apae de Aracaju recebeu nesta quinta-feira (23), duas palestrantes com temáticas voltadas para o público feminino, a delegada Meire Mansuet e a segunda palestra foi promovida pela Coordenação da Família da Federação das Apaes do Estado de Sergipe que  levou a advogada Adriana Monteiro. Pela manhã, a delegada titular da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), Meire Mansuet, apresentou para as mães e colaboradoras da instituição um pouco do trabalho desenvolvido pela DAGV, além de abordar o tema Empoderamento Feminino. 

Segundo a delegada, a violência contra a mulher possui características singulares aos outros tipos de violência. “Além de acontecer em um ambiente privado, que é o ambiente doméstico, onde possivelmente só estejam os componentes dessa família, o agressor desse tipo de crime são também pessoas da família. Então é uma criminalidade muito sui generis em que as pessoas investigadas são geralmente o marido, o avô, o companheiro, namorado, ou até o ex. Então essa criminalidade é muito específica e bastante delicada que precisa de um olhar diferenciado.” relata. 

Um outro problema observado pela polícia e órgãos de competência é o baixo número de denúncias. De acordo com dados da pasta da Secretaria Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres, cerca de 70% das mulheres que foram vítimas de feminicídio nunca denunciaram ter sofrido violência. Esse dado pode estar atrelado a falta de apoio e medo enfrentado pelas vítimas. 

Por isso, delegacias especializadas no atendimento desse público são tão importantes. Segundo a delegada Meire Mansuet, a DAGV possui um setor voltado exclusivamente para o apoio dessas vítimas. “Temos uma equipe de psicólogos, assistentes sociais e psicopedagogos, que trabalham justamente no acolhimento dessas vítimas. A pessoa noticia o fato para um dos nossos psicólogos, em seguida faz o registo do Boletim de Ocorrência e passa para o atendimento de escuta ativa, feita pela delegada de polícia também especializada. Por fim, ela é encaminhada para o procedimento policial que será efetuado, seja inquérito policial, medida protetiva ou até o pedido de prisão do agressor.”, conclui. 

Apesar do trabalho da polícia ser de suma importância, o combate à violência contra mulher deve começar principalmente em casa, com mudanças de hábitos e com a ampliação do diálogo. Durante a palestra a delegada mostrou de forma didática como colocar em ação essas mudanças para que o machismo enraizado na sociedade não acometa mais vítimas. 

Rosilda dos Santos é mãe do assistido Inácio, acompanhou a palestra e diz ter aprendido muito com as informações trazidas pela delegada. “Essa palestra foi um incentivo para nós, mulheres. Para nos mostrar que somos capazes de tudo, não só os homens. A fala dela sobre como as mulheres realizam muito mais tarefas que um homem me marcou muito. Porque isso é verdade. Nós passamos muito tempo cuidando da casa, dos filhos, da família e ainda trabalhamos, e muitas vezes não recebemos o apoio dos nossos companheiros. Então acho que essa palestra de hoje foi importante para muitas mulheres perceberem que nós devemos nos valorizar.”, diz a mãe. 

“A gente quando fala para o público é justamente para levar essa mensagem. Primeiro de mudar a ordem das coisas, porque a mulher pode estar onde ela quiser, pode fazer o que quiser. Segundo, para que essa mulher não aceite estar passivamente em um relacionamento abusivo, que essa mulher tenha um olhar voltado para a situação onde ela se encontra e saber que ela pode mudar essa situação.” comenta a delegada em relação a esse trabalho preventivo realizado na palestra. 

Além desta, outras duas palestras foram realizadas na instituição durante o mês de março em alusão ao mês das mulheres: “A importância da saúde mental para o viver bem”, com a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Natália Dalto (no dia 8 de março), e “Violência contra a mulher e seus desdobramentos no âmbito familiar, pela Adriana Monteiro, advogada especialista em políticas públicas sociais, promovida pela Coordenação da Família da Federação das Apaes do Estado de Sergipe. 

DAGV

O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (CAGV) da Polícia Civil de Sergipe atende a um público específico, que frequentemente se torna vítima de diversos tipos de violência. Idosos, homossexuais, mulheres, crianças e adolescentes têm encontrado abrigo constante no DAGV, onde o atendimento ganha força e se especializa diariamente.

A unidade surgiu como delegacia especializada em setembro de 2004 e hoje está instalada em um moderno edifício no Centro de Aracaju, compreendendo a Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente, a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher e a Delegacia Especial de Atendimento a Grupos Vulneráveis. Além desse núcleo, o DAGV possui ramificações no interior do Estado, por meio de Delegacias de Atendimento a Grupos Vulneráveis nos municípios de Estância, Itabaiana, Lagarto e Nossa Senhora do Socorro.

Além de realizarem o atendimento às vítimas, os agentes e delegados de Atendimento a Grupos Vulneráveis centralizam os procedimentos abertos em outras delegacias relativos a crimes contra o público vulnerável. Eles também abrem inquéritos e termos circunstanciados e fazem investigações de queixas oferecidas através do Disque-Denúncia 181, dos Conselhos Tutelares e de entidades de defesa da pessoas humana, ou ainda por meio dos contatos diretos do órgão.
(Fonte: SSP/SE) 

Contatos

Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV)
Rua Itabaiana, 258 - Bairro Centro, Aracaju/SE
(79) 3205-5400

Delegacia Especial de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DEAGV)
Rua Cachoeira, 1115 - bairro Santa Cruz, Estância/SE
(79) 3522-8777

Delegacia Especial de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DEAGV)
Avenida Ivo de Carvalho, 450 - bairro Centro, Itabaiana/SE
(79) 3431-8513

Delegacia Especial de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DEAGV)
Praça Rui Mendes,S/N - bairro Centro, Lagarto/SE
(79) 3631-2114

Delegacia Especial de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DEAGV)
Rua 15, S/N - conjunto Fernando Collor, Nossa Senhora do Socorro/SE
(79) 3256-4001